O Esporte
Derrubar o boi pelo rabo, a Vaquejada, é puramente nordestina.
Na época dos coronéis, quando não havia cercas no sertão nordestino, os animais eram marcados e soltos na mata.
Depois de alguns meses, os coronéis reuniam os peões (vaqueiros) para juntar o gado marcado. Eram as pegas de gado, que originariamente aconteciam no Rio Grande do Norte.
Montados em seus cavalos, vestidos com gibões de couro, estes bravos vaqueiros se embrenhavam na mata cerrada em busca dos bois, fazendo malabarismos para escaparem dos arranhões de espinhos e pontas de galhos secos. Alguns animais se reproduziam no mato. Os filhotes eram selvagens por nunca terem mantido contato com seres humanos, e eram esses animais os mais difíceis de serem capturados. Mesmo assim, os bravos vaqueiros perseguiam, laçavam e traziam os bois aos pés do coronel.
Nessa luta, alguns desses homens se destacavam por sua valentia e habilidade, e foi daí que surgiu a ideia da realização de disputas.
O Rio Grande do Norte é apontado como o estado que deu o primeiro passo para a prática da vaquejada, esporte que emociona e arrasta multidões para os parques onde acontecem as competições, feiras e apresentações de forró.
O historiador Câmara Cascudo dizia que por volta de 1810 ainda não existia a vaquejada, mas já se tinha conhecimento de uma atividade parecida. Era a derrubada de vara de ferrão, praticada em Portugal e na Espanha.
No Nordeste, desde a colonização, o gado sempre foi criado solto. A coragem e a habilidade dos vaqueiros eram indispensáveis para que se mantivesse o gado junto.
O vaqueiro veio tangendo os bois, abrindo estradas e desbravando regiões. Foram eles os grandes desbravadores do sertão nordestino, e muito especialmente do sertão do Seridó, região cheia de contos e lendas de bois e de vaqueiros.
Vaquejada, esporte reconhecido por Lei Federal
O peão de vaquejada hoje é regulamentado pela Lei 10.220 de 11 de abril de 2001 que considera “atleta profissional o peão de rodeio, vaquejadas e provas de laço”. Eles são as estrelas da festa.
Já os vaqueiros receberam em 09 de agosto de 2011, o registro do Ofício Saberes e Fazeres publicado em Decreto Oficial do Estado da Bahia n° 12.150 e reconhecimento por sua importância histórica e social como Patrimônio Imaterial da Bahia.
O Decreto publicado no Diário Oficial de 09 de agosto diz que:
- Art. 1º - Fica registrado no Livro de Registro Especial dos Saberes e Modos de Fazer o Ofício de Vaqueiro, como bem cultural de natureza imaterial do Estado da Bahia.
- Art. 2º - Fica o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC, autarquia vinculada à Secretaria de Cultura, autorizado a adotar as providências previstas em Lei, visando à execução deste Decreto.
- Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Como funciona
Numa pista de 120 metros de comprimento, por 30 metros de largura, demarca-se uma faixa aonde os bois deverão ser derrubados. Dentro deste limite será válido o ponto, somente quando o boi, ao cair, mostrar as quatro patas e levantar-se dentro das faixas de classificação. O boi será julgado deitado, somente caso não tenha condições de levantar-se. Participam desta competição sempre uma dupla de vaqueiros que terá direito a ter inscrito o animal designado para puxar em apenas uma vaquejada, estando o esteira permitido a participar de duas provas.
O boi que ficar da pá para frente, em cima da faixa receberá nota zero de imediato. A disputa do Campeão dos Campeões será feita na ordem decrescente, ou seja, da última colocação para a primeira.
A Vaquejada começa no primeiro dia do evento, quando também se inicia a seleção ou classificação das duplas de vaqueiros. Cada dupla enfrenta cinco bois. O primeiro boi vale 8 pontos, o segundo 9 pontos, o terceiro 10 pontos, o quarto 11 e quinto 12. Totalizando 50 pontos. E assim vai, 24 horas por dia até que se chegue a um vencedor. Tudo isso em 2 categorias; profissional e amador.